Sobre(viver)

... A medida que o médico se aproximava, todos iam ficando cada vez mais próximos. A vida de Cláudio que há pouco estivera em suas mãos, agora se resumia a uma folha de papel composta por inícios ou fins.

Todos de mãos dadas se uniam demonstrando serem capazes de dar uma parte de suas próprias vidas pela de Cláudio. Ao todo, somava-se doze mãos dentre todos os que viviam ou sobreviviam a aquele momento. Com uma enorme discrição o médico se aproximou e descreveu os fatos.
-- Algumas vezes temos que lutar até o fim para conseguirmos alguma coisa. Outras vezes encontramos barreiras intransponíveis que determinam o final e nos impedem de seguir adiante. O Cláudio lutou até onde pôde, mas infelizmente veio a falecer hoje às 17:10 da tarde. Estejam certos de que fizemos tudo que foi possível e que estava ao nosso alcance.
As mãos se soltaram com uma certeza inversamente proporcional pela qual se juntaram. Aos prantos, Carol se abraçava e se segurava em sua mãe ao mesmo tempo. Não havia como manter-se estável naquele momento. Todos compartilhavam o mesmo sentimento de dor e perda inigualáveis a quaisquer outros. Para Carol, voltar para casa naquele dia significava não ter mais para onde ir, e ficar no hospital era como andar em círculos a espera de ter Cláudio de volta. Sem condições psicológicas para ir ao velório, seu último adeus seria dado no enterro, marcado para o dia seguinte às 10 da manhã.
A chuva fina daquela manhã de sexta, que ia molhando aos poucos o corpo de Carol, simbolizava bem como Cláudio havia conseguido entrar devagar na sua vida e de repente preencher grande parte dela. Como só se dá na ausência, a saudade ainda fazia-se ausente, visto que de corpo e alma Cláudio ainda estava presente na vida de Carol. No mesmo momento em que ela retirou sua mão do caixão, deixando sobre ele uma última flor, alguém colocou suas mãos sobre seus ombros, deixando sobre ele um apoio carinhoso.
-- Pode contar comigo Carol.
-- Mateus?!
-- Sinto muito pelo o que aconteceu, mas pode ter certeza que apesar deste tempo ausente, agora estarei sempre ao seu lado.
-- Obrigada.
Um abraço apertado não deixou espaço para nenhuma dúvida de que após algum tempo afastado, agora Mateus voltaria a fazer parte da vida de Carol.

Download da estória até esse ponto

Comentários

Ricardo Guedes disse…
po Leo, tanto suspense pra vc "matar" o kra.. ahhh
e ainda no enterro o ex de carol chega e a estoria ja da um tom de uma reaproximacao dos 2...
agora nao sei mais nem q caminho ela vai seguir.. na minha cabeca, o suspense continuaria com o claudio ficando bem e o misterio da traicao ser revelado, sei la..
mas e agora? uahhua

abs
Anônimo disse…
Lééoo!! Vc surpreendeu!! Cláudio morreu, e agora??? Quem é esse Mateus? A traição está incognita, será que Ana vai confessar? São tantas perguntas... Arte imita a vida ou vida imita a arte?
Beijo.
Robertinho disse…
O melhor post!!! Tá, a morte do Cláudio não é uma coisa feliz, mas as sensações que esse post conseguiu passar, pelo menos pra mim, foi mto show!

Gostei muito da frase do médico, que me deixou de perna bamba (ainda bem que estou sentado, hehehe). Curti também a ligação da chuva e do Claudio.

E além desse sentimento de tristeza, veio também essa "surpresa" do Mateus. Por acaso esse é o mesmo Mateus que viu o Cláudio e a Ana se pegando no elevador?? E se for, ele realmente é um "antigo colega de faculdade" da Ana, ou seria algo mais?? Será que a Ana já tinha traído a amiga com o Mateus??? Ahhhhhhh!!!!!

E além do mais, o cara tinha que chegar no enterro do Cláudio? Mto espertinho ele, não?

Léo, mto show de bola!!! Já vai procurando a editora!!

Abs!
Robertinho
Si disse…
Que decisão foi essa? Matar o Cláudio assim, quando tudo com a Carol estava pendente... Fiquei triste. Mesmo com a traição, acreditava no seu amor pela Carol e na sua remissão.
E o Matheus entrou muito rápido. Muito esperteza da sua parte colocá-lo na história logo agora que a Carol está fragilizada.
Gostei especialmente da parte que descreve a chuva.

Ah! Adorei a interpretação para a frase do Camelo. A minha (e do meu amigo também) não foi essa, mas ampliou seu sentido.

Beijos.
Anônimo disse…
Gostei muito do texto...
parabéns...
Achei bem interessante o foco do personagem moribundo...

ab´s
.raphael. disse…
hum!
uns vao outros vêm. Pensamento ignorante, mas assim funciona a vida! Que o futuro da Ana mudará!? Acho q sim! Esperemos!
Ainda mais com a chegada do Mateus!

abs