As duas deram o sinal para o ônibus. A primeira subiu os dois degraus e dirigiu-se ao cobrador. A segunda veio atras e depois de saltar os dois “degrais” já foi mais pra perto da roleta. Enquanto uma propunha-se a procurar algumas moedas a fim de facilitar o pagamento, a outra só queria saber de sentar em um dos dois bancos que ainda tinham sobrando. Sentaram-se lado a lado. Da janela, a primeira via e se sensibilizava com a miséria e alguns olhares desesperançosos. Do corredor a coisa mais fácil que tinha pra acontecer era alguém chegar e pedir dinheiro pra segunda; era só nisso mesmo que ela pensava. A primeira continuava transformando o longo percurso em um momento reflexivo e vislumbrava o sol que refletia em si seu último lema: sempre manter a esperança, mas nunca esperar por nada. Do lado dela só dava pra ver era a vontade de sair do busão. O sol já tava batendo no rosto da segunda moça, que começou a bufar por causa daquele calor de rachar.
Os degraus eram os mesmos e serviram tanto para subir quanto para saltar. Do lado de fora ou de dentro a miséria era a mesma. O sol que incomodava era o mesmo que recomfortava. Maneiras e formas distintas de ver a mesma coisa aliada a maneiras e formas iguais de ver coisas diferentes enriqueciam aquela viagem e enriqueceria cada uma delas se tivesse havido um diálogo. A medida que o ônibus chegava perto do destino media-se entre as duas uma distância cada vez maior. Esta que foi contida quando após a parada uma delas se levantou e disse:
-- Tchau mãe.
-- Vai com Deus minha filha.
Os degraus eram os mesmos e serviram tanto para subir quanto para saltar. Do lado de fora ou de dentro a miséria era a mesma. O sol que incomodava era o mesmo que recomfortava. Maneiras e formas distintas de ver a mesma coisa aliada a maneiras e formas iguais de ver coisas diferentes enriqueciam aquela viagem e enriqueceria cada uma delas se tivesse havido um diálogo. A medida que o ônibus chegava perto do destino media-se entre as duas uma distância cada vez maior. Esta que foi contida quando após a parada uma delas se levantou e disse:
-- Tchau mãe.
-- Vai com Deus minha filha.
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Comentários
As pessoas são e têm percepções diferentes. A vida é isso. Tudo se completa, mas nem sempre em perfeita consonância.
Quando a seu comentário, se estou com saudades, também não quero ver nada que me remeta à pessoa. Mas com meu sobrinho é diferente. Preciso de doses diária dele. Hehehe
Saudades daqui, Leo.
Beijos, querido
Boa volta e que venham mais e mais contos!!! :)))
Bjs!!
Obrigada pela visita. Gostei muito daqui.Parabéns,
bjo
Muitas vezes observações, superam e reprimem diálogos!
Bela, singela e triste estória!
Boa volta!
Abraço
Curti mto o nome da estória, "Sobre Viver". =)
E gostei mto desse texto tb! Cada uma com seu jeito de ver o mundo, né?
Abs!
Robertinhooo
Pra vc, quem seria a mãe e a filha? Tipo.. só pra encerrar o debate filosófico entre meu primo e eu. =P
Bom dia!! Excelente sexta feira.
otimo texto, como sempre
abs
Sou meio que uma "intrusa de paraquedas" no seu blog.... estava fazendo uma pesquisa na net.. e de repente comecei a ler o texto.... em resumo, gostei muito.
Parabéns!
beijo
leo